Querido Papai

( Ou Deus para os menos íntimos)

Bem, como o senhor sabe, não tenho mais idade pra escrever uma cartinha para o papai noel, e mesmo quando tinha, nunca escrevi, então não faria muito sentido o fazer agora.
Primeiramente, parabéns! 2010 anos não são para qualquer um ein?! Apesar de o seu aniversário nesse tempo tão surreal, ser considerado por muitos apenas mais um feriado onde assamos carne e enchemos a cara, gostaria que você soubesse que eu ainda lembro do verdadeiro sentido da data papai.
Apesar de o senhor ter todos os motivos do universo para querer mandar mais um diluvio em cima da gente, saiba que eu lembro. Eu ainda sinto a verdadeira magia do natal (que ultrapassa os presentes e os perus), eu ainda sinto vontade de abraçar o senhor e me emociono a meia noite, eu ainda acho que a hora de resar deve vir antes da hora do amigo secreto, e que conversar com você é mais importante do que me preocupar em ver se o champagne ou a cerveja estão acabando.
Acho que o meu único desejo (mais uma ironia, nós é quem deveríamos atender aos seus desejos nessa data e não ao contrario, mas...), é que, nos proximos natais, as pessoas estejam mais conscientes, e entendam realmente que o motivo de terem sido dispensadas do trabalho não foi esse feriadão-carne-e-alcool, no qual elas acabaram transformando a Sua data papai.

Feliz aniversário.

Carta de um marido que está sozinho a alguns dias em casa.

Querida!

Como vão as coisas? espero que esteja correndo tudo bem com o lançamento do livro, estou torcendo muito por você.Será que você ainda precisará ficar muitos dias fora? eu e as crianças estamos sentindo sua falta.
Bem, por que esta tudo...normal. Acho até que estou me saindo bem sozinho.
Faz três dias que estamos comendo pizza e pipoca. As crianças estão mais felizes do que nunca. Você sabia que a louça suja pode criar uma coisa verde se a gente deixar ela na pia? Pois é, estamos descobrindo coisas novas por aqui.
Quanto tempo é necessario deixar os ovos na água pra que eles cozinhem? ontem tentei variar um pouco, mas acho que 1 hora de fogo não foi suficiente, eles ficaram duros feito pedra. Hoje vou deixar eles um pouco mais pra ver se funciona.
Lavamos a roupa suja ontem, mas acho que exageramos um pouco no sabão em pó. Você não usa uma caixa inteira pra lavar? Bem, a maquina começou a fazer um barulho estranho e quando percebemos, a casa inteira estava cheia de sabão, inclusive aquele tapete persa que você herdou da sua avó. Mas não se preocupe, ja coloquei ele pra secar no sol... ele esta com uma cor estranha, meio branco, mas quase não da pra notar.
Ontem levei as crianças ao parque. Você precisa ver como elas se divertiram! Estão todas vermelhas de sol, por isso passei um pouco daqueles seus cremes importados da frança, que você guarda na prateleira alta do banheiro pra que elas não peguem. Tenho a leve impresão de que, quando saimos, não tranquei direito a porta... talvez alguem tenha entrado em casa, por que não estou encontrando os pratos, nem os talheres. Algumas das minhas meias sumiram. A Katy disse que elas devem ter ido para "o mundo encantado das meias". Tambem não estou encontrando sua coleção de sapatos.

Bem, esperamos todos ansiosamente sua volta. Não se preocupe, esta tudo sobre controle, te amamos muito.

                                                                         

Necessidade

Hoje eu acordei com uma necessidade enorme de ler...mas... não qualquer coisa... ler desabafos... ler coisas que eu gostaria de por pra fora mas nunca sei exatamente como. Ta ai um ótimo defeito meu, guardar coisas. Coisas velhas. Sentimentos velhos.
De alguma forma, acho que eu deveria mudar, mas... eu nunca sei exatamente como. Encontrar soluções pra minha própria vida nunca foi o meu forte. Apesar de dar ótimos conselhos, ser uma boa amiga quando as pessoas precisam, ser uma boa ouvinte, acho que ainda me falta algo. Algo que eu sempre sinto que persigo desesperadamente, com todas as minhas forças, mas que é alguma forma é praticamente inalcasável, e sempre acaba me deixando angustiada.

talvez eu devesse ir a um psicólogo...ou psiquiatra...

"estou afundando mais e mais
procuro sua mão em meio a escuridão
alguém esta atrás de mim
por favor, me encontre."

End

Fim de ano. Doces fins de anos.

Épocas de tristezas pra uns, e de felicidades pra outros (ah, e de um frio inexplicável, claro).
Já ouvi muitas coisas sobre esse mês com cara de calor humano e gosto de comida da vovó, muitos me disseram que é uma época para terminar coisas mal acabadas e mal resolvidas, para que possamos ter um natal de coração leve e uma boa passagem de ano, outros me falaram que "se não fizemos até agora, pode esperar mais um pouco", acho que os dois pontos de vista são bons mas... para mim, é uma época de renovação, de mudanças, de dar uma virada geral. Por que não? a mudança pode acontecer em qualquer aspecto da vida, desde resolver arrumar a bagunça do guarda-roupa, cortar o cabelo chanel, a até mesmo algo mais profundo, como, descobrir um sentimento novo.
Creio ser isso o que eu espero do meu ano novo... que ele seja novo, novo mesmo, com surpresas e desafios, com realizações esperadas e inesperadas.
Mudar, inventar, fazer, acontecer. acho que é isso que eu desejo que todas as pessoas façam, e especialmente, que eu mesma faça, pois numa época tão boa, pensar um pouco em mim mesma não fará mal algum.

Um sonho singular

*Vós não estais dizendo a verdade... Não pode ser...
*Eu, eu sinto... que sim. Não devo mais permanecer nestas terras. E vós de modo algum deverás partir comigo.
Foram estas as palavras que partiram o coração de Alberto. Como? por quais motivos sua amada Charlotte deveria partir tão rapidamente? era de esperar-se que após tanto sofrimento, pudessem desfrutar de seu amor.
Crescidos e criados lado a lado, toda a sociedade paulistana conseguia ver o belo casal que ali estava a se formar. Porém a vida os fez trilhar caminhos diferentes. Alberto, moço bem apanhado, viçoso, de boa posição, viajara o mundo em busca de "conhecimento", porém quem conhece a história sabe que este apenas tentava fugir da realidade que o separara de sua amada. Charlotte, moça de beleza singular e simpatia inigualável, casara-se com um rico benfeitor que a tirara de uma futura vida religiosa, porém, nunca seria feliz ao lado do mesmo... Não com o fantasma de seu amado Alberto rondando-a em toda aurora, em todo crepúsculo.
*Não deixarei que partas, não deve fazer isto conosco, não pode...
*Faço isto para o nosso bem meu amado, não penses que a ideia de separar-me de vós foi das mais atraentes a minha vista, porém, esta é a única maneira de preservar-te do mal iminente meu querido...
Charlotte dizia tudo de cabeça baixa, com lágrimas a escorre pela face. A delicada luva de pelica deveria estar destruída a esta altura... duvidara que alguém conseguiria remover as manchas deixadas pela maquiagem... Alberto segurava uma de suas mãos, como quem quer impedir algum ato impensado. Ela não conseguia nem ao menos encara-lo, queria lembrar-se dele  da melhor maneira possível, conservaria as lembranças felizes, obtidas através de maravilhosas tardes de passeios ao parque, de mãos dadas, discretamente, para não serem percebidos.
*Ao menos me dia o porque de tal pensamento
*Não devo
* E queres que deixe-a partir assim, sem ao menos explicar-te?
*Peço apenas que não dificulte a situação...Quando chegar ao meu destino, mando-lhe uma carta, explicando o motivo de tal partida. Não devo de modo algum contar-lhe agora... seria perigoso demais...
* Por Deus Charlotte!!! O que poderia ser mais perigoso do que tudo o que já enfrentamos juntos? Achas que meu coração ficará em paz sem saber onde vós se encontrará?Acha que..que poderei dormir sabendo que vós estas por enfrentar este tal perigo do qual não quer falar?
Alberto agora também chorava e, em meio ao pranto, gritava exigindo explicações, já não conseguia manter a calma vendo que Charlotte parecia estar decidida. Será que o amor havia se acabado? Deveras que ele andara muito ocupado... Mas... Não... Ela não o abandonaria por tais motivos...
*Preciso partir agora... por favor Alb...
As palavras foram sufocadas por um beijo ardente e inesperado em meio as lágrimas, um ultimo beijo, do qual ambos se lembrariam para sempre. Ao término do mesmo, Charlotte retirou o delicado anel de ouro cujo um valioso diamante, singelo, havia sido incrustado, entregou-o a Alberto.
*Quero que o guardes, em memoria de todo o meu amor por ti, em lembrança de cada alegria, de cada sorriso, e de cada momento em que vivemos em presença um do outro. Peço-te apenas uma coisa, nunca se esqueça dessa parte da sua vida, dessa parte em que eu estive presente, leve-a contigo aonde fores. Seja feliz novamente, mas nunca esqueça da felicidade que ambos compartilhamos um dia. Olhe para o céu, em toda 1° noite de lua cheia, eu também farei o mesmo, ela será a nossa cúmplice, a cúmplice do nosso amor, quando olha-la, poderás ouvir minha voz, sentir meu perfume, tocar minha pele, e reviver tudo o que já passamos juntos. Adeus.
Ao dizer isto, Charlotte se foi, para nunca mais voltar, sacrificando-se em nome do mais puro amor já sentido algum dia.

Exposição

Era obvio que eu precisava acordar um dia, olhar pro teto e pensar, o que eu tenho pra fazer hoje?...hum... NADA. Acho que esse é o sonho de consumo de toda pessoa normal, ou não. Se é que existe alguem normal no mundo. Alias, eu tenho o maior medo dessa tal coisa de ser normal. Normal como? Prefiro continuar assim. Inconstante.
Se bem que, parando pra pensar, as vezes é bom ter muita coisa pra fazer, podemos nos sentir uteis. Ainda. Talvez eu seja uma daquelas pessoas que quando envelhecerem, não param. Nunca. Parar pra que? se sentir util as vezes é bom... principalmente quando não se é bom em muita coisa, quando se esta acostumado a estar na média. Nem o melhor, nem o pior, apenas na média.
É isso que acontece quando não se tem algo em que se focar, palavras reunidas que não fazem o menor sentido. Talvez seja apenas mais uma daquelas crises que deixam os nossos dias vazios, que nos fazem ter reflexões estranhas sobre qualquer coisa, ou até mesmo sobre o nada, e que sempre terminam a noite nos deixando com uma lágrima a cair, por ter vivido mais um dia sem sentido, mais um dia desperdiçado. talvez nem mesmo acabe hoje, quem sabe ela não invada nossa mente noite adentro, nos fazendo ter pesadelos horríveis, ou sonhos maravilhosos... tanto faz, de qualquer jeito acordarei do mesmo modo amanhã. E chega. Cansei de me expor.

...

Finais felizes...

Sim, eles até existem, nos contos de fadas, quando depois de um puta sofrimento o casalzinho encantado vive feliz pra sempre. Porém nós, seres humanos, preferimos invariavelmente parar na fase do puta sofrimento, achando que não tem mais jeito.

Trauma de infância.

Gosto desses peixinhos, coloridos, pequeninos, não fazem sujeira alguma, e principalmente, de qualquer forma eu não vou conseguir nem que queira mata-los.
Essa é a vantagem deles serem de mentira.
Não causarei nenhum sofrimento a eles, como causei a todas as coisas que eu tentei criar.
Lembro-me de uma vez, em que ganhei dois peixinhos alaranjados num shopping, numa exposição de cachorros. Eram bonitinhos...eram.
Primeiro, o maiorzinho, mordeu o pequenino até que ele morresse. Depois, eu e minha total falta de coordenação consegui jogar o que sobrou no ralo da pia da cozinha ao tentar trocar a agua do aquário. Bem, quem sabe, ele não conseguiu chegar no rio e viveu feliz para sempre.
Minhas experiências desastrosas com coisas vivas não se resumem a fauna, se estendem a flora também.
Nunca consegui manter uma mísera plantinha viva por mais de uma semana.
Violetas, rosas, espécies desconhecidas da minha mãe, nada, nenhuma sobreviveu em minhas mãos.
A ultima tentativa de criar algo do tipo foi aos 7 anos, quando insisti para meu pai comprar um vazinho de musgo pra mim, num supermercado.Ele me parecia agradável, principalmente pelo fato de que ninguém compra musgos. E, uma semana depois, puf! morreu. Sim, até um Musgo, que não precisa de quase nada pra sobreviver, eu consegui matar.
Foi ai que desisti de criar coisas pequenas e sensíveis.
Espero sinceramente algum dia encontrar algo vivo e sensivel, que não seja meu cachorro (o unico fiel sobrevivente) que se mantenha assim por muito tempo ao meu lado.
E também espero que o peixinho tenha mesmo sido feliz pra sempre.

Quando a gente realmente gosta.

E então ela o viu. Era mais alto que ela, cabelos lisos, curtos, de um tom castanho mel, pele alva, muito alva, olhos castanhos puxando para o verde, bom porte. "Um conjunto bonito", pensou ela "Mas... um tanto artificial..." completou.

Durante o dia ela o observava, discretamente, era uma bela vista, ela pensava. De vez que quando ele a olhava, de relance, como quem apenas estivesse levando os olhos para passear no ambiente.
Era assim, uma relação inexistente, um nada.
Mas com o tempo o nada foi se transformando. Ela, já não era tão discreta, e ele, demorava-se mais no "passear os olhos".
Era assim, uma relação quase inexistente, um quase nada. Mas que tem o dom sabe que aquela velha frase "os olhos são as janelas da alma" contém um pequeno erro, pois os olhos, na verdade, são as portas da alma. Muito se descobre sobre uma pessoa, quando se tem o dom. E eles tinham.
A cada dia, eles se descobriam, se desvendavam, aprendiam mais um sobre o outro, e gostavam do que viam, ah, como gostavam!
Era assim, uma relação sem palavras, mas que muito conseguia dizer.
Aquela relação inexistente, se transformou de uma forma singela, bonita, mesmo sem palavras, ela já poderia dizer que o conhecia profundamente, cada medo, cada alegria, cada desejo, cada sentimento, e ela sabia que ele também a conhecia, cada canto da sua alma ele já havia explorado.
E ela gostava disso.
Uma relação sem palavras. Uma linda relação sem palavras.
Era diferente, um sentimento que até então ela nunca havia experimentado, e ela estava adorando senti-lo. Não era desejo, cobiça, nem nenhum desses sentimentos fúteis bem conhecidos de toda a humanidade, era algo simples, porém profundo, uma vontade de cuidar, de faze-lo feliz, de proteger. E ela sabia que ele também queria isso, seus olhos lhe falaram.
E então, vieram as palavras.
Ah, como era bom lê-las, ouvi-las!
Tímidas, vindas em frases curtas, palavras simples, de uma forma que lhe agradavam.
E ela gostava mais e mais disso.
Um dia, ela não encontrou o seu olhar. Seu dia não foi o mesmo. Estava triste, nublado apesar do sol. E ela sentiu que algo estava para acontecer. Ela não o via mais todos os dias como antes. passava as manhãs ansiosa, esperando noticias, que não chegavam. Seus dias felizes diminuiram, seu olhar ansiava encontrar o dele, e quando encontravam, ela via que o dele sentia o mesmo.
Ambos ansiavam pelos dias felizes.
E então, ela soube, não por ele, por uma amiga em comum, o porque das suas ausências, o porque da raridade inconveniente de seus dias felizes. No fundo ela já sabia, a alma dele já havia tentado lhe contar, mas talvez a sua não quisesse ter ouvido. Ele não estava bem.
Ela temeu por ele.
Porém, ao contrário do que muitos fariam, seu lindo sentimento desconhecido da humanidade só se fez aumentar a cada dia. Ela ansiava mais e mais poder dele cuidar, poder faze-lo feliz.
E aos poucos, seu dias felizes foram diminuindo, mais e mais.
Quando aconteciam, na maioria das vezes as almas compartilhavam apenas o medo, o medo silencioso que insistia em comparecer.
Eles temiam.
E então, novamente ela soube, não por ele, mas por uma amiga, que seus dias felizes provavelmente não aconteceriam mais. Ele havia piorado, e ela, provavelmente não o veria mais. E seu lindo sentimento só se fazia aumentar...
Restavam então, apenas ler as palavras simples, que eram escritas em poucas horas de algumas noites que ficavam felizes quando ele conversava com ela.
E, mesmo sem poder ver seus olhos, ela conseguia sentir a sua alma, e sabia que ele sentia a dela.
Com o tempo, as horas foram diminuindo, o contato foi ficando mais raro, mais dificil.
Passaram se os meses.
E então, um dia, ela soube o porque de sua alma andar tão triste aparentemente, sem motivo...Ele havia partido. Não haveriam mais dias felizes, nem palavras simples, nem olhares cúmplices, nem almas compartilhadas.
Durante algum tempo, seus dias foram cinzas, ela não pensava em nada, não sentia nada.
Até que ela sentiu a presença dele, a alma dele havia vindo a visitar.
Os dias felizes voltaram. Ela sabia que ele estava bem agora, era apenas isso o que importava.
E ela descobriu, que não importava onde, nem como, eles sempre estariam juntos.

Em memória, W.

Hernanes escreve...

...de ponta cabeça num canto de folha:

"Hj o dia foi fo**,
mas apesar de tudo
eu sei que vai passar,
até pq o Hernanes
ta sempre do meu lado :)"


Ps.:não consegui por a foto da mesma aqui. Mas ta valendo. E, ãh, obrigada.



Um trecho da manhã que o menino verde não gostou.


7h55min. 1° alula de matemática, correção de exercícios de trigonometria, seno e outras coisas mais que eu por acaso não fiz na aula passada "E", acabo de descobrir como odiar as duas pessoas que mais importavam pra mim no quesito amizade. Uma simples merda a qual devemos chamar de trabalho de SIC ( outra matéria de merda) conseguiu acabar com tudo que foi construido em mais de um ano...bem mais. Isso me faz questionar o quanto as pessoas realmente são verdadeiras conosco no dia-a-dia. Talvez elas sempre fossem assim, e eu, claro, como sempre, só encherguei agora. Bem, pelo menos dessa vez eu encherguei.
Descobrimos quem são nossos amigos nas horas difíceis, nas horas em que precisamos do apoio deles pra alguma coisa, pra qualquer coisa.



.
.
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Só mais um pensamento.




Morrer.
Morrer mas só por um tempo, uma semana quem sabe... poder descansar longe de tudo e de todos, sem ter preocupações, sem ter que mentir e agir dissimuladamente para disfarçar verdades que nem eu quero ver. Mas vejo. Infelizmente.
Fugir, correr, pra bem longe, pra algum lugar desconhecido e calmo onde eu me sentisse bem e pudesse ser eu mesma com perfeições e defeitos, com alegrias e tristezas, sem ter que pensar em nada. Sem ter que pensar em ninguém, nem mesmo em mim.
Acordar e poder ver um mundo diferente, onde problemas fosse uma palavra desconhecida, onde eu fosse uma pessoa melhor, menos ingênua, mais destemida, onde você se importasse mais com os outros, não olhasse só para si próprio, percebesse que, sim, existem pessoas no mundo que você pode magoar sem querer (ou não... vai saber)
Acordar num mundo diferente.

Morrer.
Mas só por um tempo.

Detalhes.


Era noite, cerca de 11 horas, mas ela precisava sair, precisava respirar o ar puro e doce da noite, sair do ambiente claustrofóbico em que se transformara o seu quarto.
Conseguiu destravar a tranca da grande e ornamentada porta da sala de casa, uma exigência da mãe no projeto da casa, sem acordar ninguém, um feito quase heróico comparado ao estrondo que a monstra fazia todos os dias.
Saiu, parou um tempo observando o grande e belo jardim que compunha a frente da casa, seu coração palpitou mais alto, o quintal não era suficiente, muito menos adequado ao seu momento, lhe trazia muitas lembranças, que outrora foram felizes, porém hoje apenas a fazia verter lágrimas e mais lágrimas. Pegou a pequena chave do cadeado do portão e destravou-o sem problemas, saiu e tomou o cuidado de deixar tudo do mesmo modo como estava.
Andou um pouco sem pensar num local para ir, caminhando apenas no modo automático olhando para o céu...Ah o céu!, com suas belas estrelas e sem nenhuma nuvenzinha para lhe atrapalhar a vista, parecia estar compartilhando intimamente de sua loucura de fugir por algumas horas da noite de casa.
Seguiu caminhando pela conhecida rua, olhando para cada pequeno detalhe, tentando gravar o máximo de informações que pudesse, de uma forma até mesmo estranha... era como se...se sua vida dependesse disso, ou pensando melhor... como se jamais fosse voltar a ver aquele local novamente, o que até seria bem provável já que a qualquer momento um louco poderia saltar de um arbusto e fazer sabe Deus o que com ela, pois já eram altas horas, e, segundo ouvira, esse era o horário preferido dos maníacos de plantão...não que ela já houvesse visto um tipo desses mas....o pensamento causou-lhe um certo arrepio na coluna, e ela tratou de afasta-lo logo, pois o importante era ocupar-se para justamente não pensar em nada... o que estava vendo mesmo? Ah sim, os detalhes. Teve a tênue sensação de que alguém a observava, bobagem... deveria ser efeito do pensamento idiota tido anteriormente.
Uma leve brisa soprava chacoalhando de leve os galhos mais altos das árvores, numa sinfonia natural relaxante, um leve cheiro de grama molhada perfumava o ar, efeito da chuva de horas antes, tudo perfeitamente calmo, silencioso... silencioso até demais. Percebeu que aumentara inconscientemente o ritmo calmo em que ia, podendo ouvir com maior clareza agora o som de seus sapatos contra o asfalto molhado. Começou a reparar nas casas, em seus bem cuidados quintais, em suas cores frias e arquitetura levemente fútil... que aliás, eram bem parecidas com a sua casa, da qual aliás ela se distanciara um pouco além do que pretendia. Bom, pelo menos ela estava ocupada em reparar nas coisas e não estava sozinha com seus pensamentos, o que era bem pior do que ficar andando na rua a noite...sozinha... aquela sensação estranha voltara novamente, olhou para os lados, procurando algo que pudesse estar observando-a por entre a escuridão das casas e o embaralhar das árvores...nada. "Devo estar mesmo precisando de terapia" pensou ela e foi nessa hora que ela o viu. Mais lindo do que nunca, com aquele ar de mistério de sempre, pele alva, cabelos de um tom indeterminado de castanho, completamente desalinhados em sua perfeita arrumação, e olhos penetrantes, provocativos, mais humanos do que nunca estiveram antes, caminhando... caminhando até ela. Por um momento ela deixou-se levar pela fantasia que aquele adorável ser a fazia ter todas as noites, por aquele sonho que a dominava a meses, desde o maldito acidente... as lembranças voltaram. Os dias no parque, os primeiros encontros às escondidas no lugar secreto que só pertencia a eles, os beijos roubados, as longas e ferventes noites de amor... tudo com uma ternura imensúravel e um carinho infinito...até que o maldito acidente fez romper-se todos os laços que existiam entre eles, fez com que eles passassem a viver distantes um do outro, em mundos diferentes. "N..não pode ser...você...mas..." ela não conseguia pensar direito "Eu disse que nunca te abandonaria", "Co...Como é... possível?" "Eu nunca sai do seu lado, nunca te deixei e nunca, NUNCA te deixarei" " Não... não... você esta morto, MORTO!" tudo estava girando, rápido demais, e foi nesse nesse instante que o mundo se apagou.


Só pra constar.


17h03

Mia: Droga, to sem ideias.

Srta L.P.D: Mente vazia hj?

Mia: todo dia
asho q to com problema.

Srta L.P.D: vc ta precisando se apaixonar denovo
por alguem q te tire os sentidos
ai vc vai escrever mt.

Mia: é, vai ver é isso mesmo.



...
...
... .

Influência de Brás Cubas.


Mas, ou muito me engano, ou acabo de escrever uma postagem inútil.

Vazio.


A muito não escrevia, e na verdade não sei bem o motivo.
Dizem-me que esse tipo de coisa as vezes acontece...
Ou talvez fosse culpa do vazio cheio até a boca de verdades... aquele vazio que não me permite fazer nada, e que de certa forma ainda me trava para a vida em dias difíceis.
Sinto a garganta apertada, como se algo invisível espreitasse-me a algum tempo e estivesse apenas esperando o momento certo para fazer faltar-me o ar. Droga.
Não tenho a menor ideia de como me livrar disso. E talvez eu nem queira me livrar disso. Algo que de alguma forma me faz sentir mal, porém ao mesmo tempo, liberta a alma, fazendo com que as secas lágrimas rolem por meu rosto, fazendo-me soluçar como uma criança por uns bons minutos, por uns longos minutos. E, sem nenhum motivo.
Talvez minha alma esteja incomodada com alguma coisa, e essa seja sua forma de tentar me dizer o que estou fazendo de errado, de como ela esta infeliz, e de como estou magoando-a. Choro por mais algum tempo, até arderem meus olhos.
Prometo-lhe, querida alma, tentar melhorar daqui pra frente, apenas não posso garantir-lhe o sucesso deste ato.

The...end?

Ela tinha certeza que tudo seria um inferno, pelo menos para ela. Já podia sentir aquele conhecido frio na barriga se formando novamente.
No caminho para a escola ela havia repassado mil vezes as falas muito bem ensaiadas na frente do espelho na noite anterior, clichês bataros, em sua maioria, pois ela não tinha uma mente muito criativa para esse tipo de assunto. Tinha imaginado cada pausa, cada vírgula, cada suspiro e reação que seriam necessárias para aquela situação.
Ela não tinha a menor ideia de como conseguiria dispensá-lo.
Sim... pode até ser que fosse meio idiota estar nervosa por causa disso, afinal, não devia ser tão dificil como ela o estava tornando, mas... alguma coisa... alguma coisa que ela conhecia e entendia muito bem tornava tudo tão complexo.
E também tinha o medo... medo de magoá-lo, medo de que eles nunca mais se falassem depois disso... medo de que talvez não fosse isso o certo a fazer.
Ao chegar na escola, as pessoas logo percebiam que algo estava errado, aquela atmosfera densa envolta daquela doce menina não estava no lugar certo. Ela é claro, estava com os nervos a flor da pele a essa altura, já que dali a alguns minutos ele chegaria... Ele... ele e toda a sua majestade, ele e toda a sua beleza invejavel, ele e tudo o que qualquer mortal em sã consciência desejaria ter para si, só para si, e ela o despensaria em alguns minutos. Ela própria não acreditava que realmente faria isso, mas... mas... se ela não o fisesse... oh Deus... só ela sabe o que podia acontecer a ele, e ela estava disposta a protege-lo de qualquer forma, nem que isso custasse o fim de seu amor por ele.

Prisão

Se ao menos a enchaqueca desistisse de mim por um dia, acho que conseguiria pensar direito. Ter que perder um dia inteirinho por culpa da dor não é uma coisa legal... ainda mais quando se sabe que, ao melhorar, os problemas voltarão... acho que só de saber disso a dor aumenta. Queria ter um dia de descanso, longe de tudo, sem precisar pensar em nada, sem preocupações e nem decisões a tomar.
Hoje a noite sei que a dor virá me visitar novamente, sei que terei sonhos ruins, e provavelmente não conseguirei dormir direito.
Amanhã o dia será dificil, depois de uma noite mal dormida, com novas coisas a serem feitas, novas decisões a serem tomadas. Coragem.


Nada bem.

Algo que não fez sentido

O dia havia começado cedo e como em todos os outros dias, o vento la fora soprava irritantemente aos meus ouvidos... pelo menos não estava chovendo... já devo ter mencionado algo sobre meu ódio à dias molhados. Não seria uma semana fácil comparada as semanas solitárias das férias, onde eu podia ficar sozinha com meus pensamentos a qualquer momento... por mais confusos e melancólicos que eles fossem eu me sentia bem em poder tentar entendê-los, sem ninguem pra ficar me olhando e me perguntando de cinco em cinco minutos o que eu tinha, porque concerteza eu não saberia explicar, e a pessoa nunca conseguiria entender.
Quase não toco no café da manhã, já que meu estomago tem a adorável tendencia de ficar embrulhado em trajetos relativamente longos de carro, e a escola não é o que se pode chamar de próxima.
Ao chegar, encontro aquela deliciosa euforia de fim de férias, não porque estamos voltando para escola (óbvio!), mas sim porque agora podemos matar as saudades de um mês passado longe uns dos outros, o ânimo das pessoas, apesar do horário e do frio intenso, era algo palpável, que deixava o dia cinzendo mais colorido para todos. Tudo estava correndo bem, até que ao acaso, eu encontro aquele olhar, aquele olhar que depois de meses eu havia conseguido bloquear em minha memória para que ele fosse apenas mais um na multidão, sem qualquer diferencial...e do nada, sem nenhuma explicação, tudo começa a resurgir dentro de mim... as lembranças, os risos, os momentos... Porquê? Como? Eu tinha trabalhado tão bem pra reprimir tudo aquilo e tinha conseguido tornar tudo indiferente... Já fazia tanto tempo... Eu estava curada, não estava? Mas algo na sua expressão fez com que novamente eu conseguisse sentir algum calor vindo daqueles olhos claros... mas não podia ser verdade, é claro que eu estava inventando aquilo tudo... vai ver era o frio.
Passo o resto das aulas assustada tentando entender o que havia acontecido, fico pensando como tudo seria mais fácil se eu nunca o tivesse conhecido, muitas coisas seriam diferentes hoje, talvez de alguma forma eu conseguisse ser mais feliz, talvez eu conseguisse realmente apreciar a companhia de todos que tenho à minha volta, ou talvez tudo fosse da mesma forma que é hoje... com a única diferença de que eu teria prestado atenção nas aulas e concerteza não estaria pensando nisso.
Quando o sinal toca alguem pára ao meu lado e pergunta o que eu tinha.
É, concerteza não seria uma semana fácil.

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mais as coisas findas
muito mais que lindas,
estas ficarão

"Memória", de Carlos Drummond de Andrade

Eterno fantasma

É claro que aquele dia estava sendo horrível de todas as formas possíveis.
Acordar cedo já é um mártirio bem conhecido para todos os seres humanos ainda mais quando se tem uma noite insone, e o frio não estava cooperando. É claro que dias frios são bem melhores do que dias quentes, onde pessoas se tornam grudentas e com odores típicos digamos assim, mas... frio e seco é uma coisa, frio e... incessantemente molhado é outra... a impressão que tinha era de que o 2° Dilúvio estava chegando.
É claro que seria um domingo imensamente tedioso, já que em dias assim não há muito o que se fazer.
13:59... O dia estava passando lentamente...lentamente até demais para o meu gosto... acho que nunca havia ansiado tanto antes para que acabassen logo as férias.
Após o almoço segui para a pia ( podia sentir um costume que havia se formado, e esperava que ele não durasse com a volta às aulas)... pena que esse é um serviço que ocupa apenas as mãos... e logo a minha mente já estava vagando para assuntos nos quais eu vinha evitando até agora. Eu não queria pensar naquilo, sabia que seria um assunto inevitável... mas... justo naquele dia? naquele horrivel dia? Não, não queria pensar no que havia acontecido meses atráz, denovo não, já bastava ter o eterno fantasma assombrando minhas noites com aquelas lembranças... aquelas doces lembranças... aquelas lembranças que eu tentava reprimir de todas as formas possiveis... sem muito sucesso pelo visto.

Mais um dia rumo ao fim


Ela havia acordado. Eram 8:30 da manhã e uma criança ,aparentemente cheia de energia, gritava em seus ouvidos para que ela levantasse logo pois era seu aniversário.
Ela levanta e inicia mais um dia que para ela seria como outro qualquer, apenas mais um dia rumo ao fim. A rotina começa, escovar os dentes, tomar o café da manhã, encenar novamente a adolescente feliz e contente que esta sempre de bem com a vida...apenas aos olhos alheios. Somente ela sabe como se sente, somente ela sabe como é dificil suportar a dor q a destrói por dentro e ainda ter que encarar o mundo lá fora fazendo com que sua vida pareça perfeita, e até poderia ser, se nada tivesse acontecido mês passado.
11:45... a mãe bate na porta do quarto segurando um pequeno embrulho. Ela abre a porta com um sorriso resplandescente no rosto...Ah! como era difícil ter que fingir o dia todo...a semana toda, para a segunda pessoa que ela mais amava nesse mundo...apenas a segunda. Ela abre o embrulho, percebendo que a mãe aguardava ansiosa por sua reação, e um pequeno relicário de ouro em forma de coração cai sobre seu colo, exatamente igual aquele escondido na caixinha de madeira no fundo do seu guarda-roupas...Oh Deus...as lagrimas não podem esperar até q a mãe saia do quarto?... a resposta vem na mesma hora, malditas traidoras! ao menos ela ainda consegue sorrir, o que leva a mãe a pensar que as lagrimas sejam de emoção... afinal, aquele havia sido o primeiro presente valioso que ela lhe dera. Ela pede para filha se apressar pois hoje o almoço seria especial, com tudo o que a filha gosta... " Nem tudo o que eu gosto estará lá" ela pensa em resposta.
Como isso pode acontecer? Como? Ela pega o presente com as mãos ainda tremendo, ao abrir encontra uma foto daquele final de semana na fazenda, daquele passado em que ela ainda vivia. Lembra-se então da foto do seu relicário escondido... Ah! como ela foi feliz, como tudo pode ter tomado um rumo tão inesperado? Lembra-se da jura gravada no verso... Amor eterno... as lágrimas voltam.
19:45... os convidados para sua pequena balada particular logo começarão a chegar... é hora de vestir a máscara da mocinha feliz novamente. E claro que sua roupa estava impecável, seu cabelo maravilhoso, suas unhas perfeitas... mas de que isso valia? A grande tristeza a invadia por dentro, a cada dia que se arrastava, lentamente...
Hora do parabéns, todos cantam alegremente, mas sua mente não consegue focalizar os rostos conhecidos, afinal, o seu preferido não estava lá... "Apenas mais um dia" pensa ela... "Mais um dia rumo ao fim".

Sentimentos desconexos

...Acho que nunca esperimentei uma sensação assim...Foi algo esperado e inesperado ao mesmo tempo...esperado porque nós dois ja tinhamos consciência do que estava por vir e, ...inesperado porque eu não esperava me sentir assim!!... tão... confusa e ... leve... ao mesmo tempo.
Estar com ele é algo que... flui naturalmente... e isso me assusta um pouco, porque ainda não sei se é Isso o que eu realmente quero.
Quando eu paro para pensar, tento lembrar do momento em que tudo começou, e simplesmente não consigo! Não que isso seja um fato preocupante...é que é simplesmente novo pra mim... geralmente eu sou detalhista, principalmente com assuntos que envolvem as emoções.. o coração, acho eu esteja acostumada a "programar" tudo... para me machucar o menos possivel... não que isso tenha dado certo alguma vez ...mas ...talvez...desta vez.. eu não sei, inconscientemente tenha decidido apostar... pagar pra ver, como dizem... e o resultado não foi exatamente que eu esperava.
Ele é... diferente... estar com ele é diferente. De alguma forma ele me traz uma certa paz... uma calma, um tipo de sensação de que estou protegida ao seu lado... não sei ao certo definir... é como se seu abraço... seu beijo... contesse alguma especie de anestesia... não que eu me sinta entorpecida como uma menininha de 9 anos... é que me sinto mais leve , é como se eu sempre tivesse tido aquilo, algo bom... familiar... e pensar dessa forma não deve ser nada saudável. E eu nem gosto exatamente dele... não para que tudo me pareça tão normal como já me parece.

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