Só mais um pensamento.




Morrer.
Morrer mas só por um tempo, uma semana quem sabe... poder descansar longe de tudo e de todos, sem ter preocupações, sem ter que mentir e agir dissimuladamente para disfarçar verdades que nem eu quero ver. Mas vejo. Infelizmente.
Fugir, correr, pra bem longe, pra algum lugar desconhecido e calmo onde eu me sentisse bem e pudesse ser eu mesma com perfeições e defeitos, com alegrias e tristezas, sem ter que pensar em nada. Sem ter que pensar em ninguém, nem mesmo em mim.
Acordar e poder ver um mundo diferente, onde problemas fosse uma palavra desconhecida, onde eu fosse uma pessoa melhor, menos ingênua, mais destemida, onde você se importasse mais com os outros, não olhasse só para si próprio, percebesse que, sim, existem pessoas no mundo que você pode magoar sem querer (ou não... vai saber)
Acordar num mundo diferente.

Morrer.
Mas só por um tempo.

Detalhes.


Era noite, cerca de 11 horas, mas ela precisava sair, precisava respirar o ar puro e doce da noite, sair do ambiente claustrofóbico em que se transformara o seu quarto.
Conseguiu destravar a tranca da grande e ornamentada porta da sala de casa, uma exigência da mãe no projeto da casa, sem acordar ninguém, um feito quase heróico comparado ao estrondo que a monstra fazia todos os dias.
Saiu, parou um tempo observando o grande e belo jardim que compunha a frente da casa, seu coração palpitou mais alto, o quintal não era suficiente, muito menos adequado ao seu momento, lhe trazia muitas lembranças, que outrora foram felizes, porém hoje apenas a fazia verter lágrimas e mais lágrimas. Pegou a pequena chave do cadeado do portão e destravou-o sem problemas, saiu e tomou o cuidado de deixar tudo do mesmo modo como estava.
Andou um pouco sem pensar num local para ir, caminhando apenas no modo automático olhando para o céu...Ah o céu!, com suas belas estrelas e sem nenhuma nuvenzinha para lhe atrapalhar a vista, parecia estar compartilhando intimamente de sua loucura de fugir por algumas horas da noite de casa.
Seguiu caminhando pela conhecida rua, olhando para cada pequeno detalhe, tentando gravar o máximo de informações que pudesse, de uma forma até mesmo estranha... era como se...se sua vida dependesse disso, ou pensando melhor... como se jamais fosse voltar a ver aquele local novamente, o que até seria bem provável já que a qualquer momento um louco poderia saltar de um arbusto e fazer sabe Deus o que com ela, pois já eram altas horas, e, segundo ouvira, esse era o horário preferido dos maníacos de plantão...não que ela já houvesse visto um tipo desses mas....o pensamento causou-lhe um certo arrepio na coluna, e ela tratou de afasta-lo logo, pois o importante era ocupar-se para justamente não pensar em nada... o que estava vendo mesmo? Ah sim, os detalhes. Teve a tênue sensação de que alguém a observava, bobagem... deveria ser efeito do pensamento idiota tido anteriormente.
Uma leve brisa soprava chacoalhando de leve os galhos mais altos das árvores, numa sinfonia natural relaxante, um leve cheiro de grama molhada perfumava o ar, efeito da chuva de horas antes, tudo perfeitamente calmo, silencioso... silencioso até demais. Percebeu que aumentara inconscientemente o ritmo calmo em que ia, podendo ouvir com maior clareza agora o som de seus sapatos contra o asfalto molhado. Começou a reparar nas casas, em seus bem cuidados quintais, em suas cores frias e arquitetura levemente fútil... que aliás, eram bem parecidas com a sua casa, da qual aliás ela se distanciara um pouco além do que pretendia. Bom, pelo menos ela estava ocupada em reparar nas coisas e não estava sozinha com seus pensamentos, o que era bem pior do que ficar andando na rua a noite...sozinha... aquela sensação estranha voltara novamente, olhou para os lados, procurando algo que pudesse estar observando-a por entre a escuridão das casas e o embaralhar das árvores...nada. "Devo estar mesmo precisando de terapia" pensou ela e foi nessa hora que ela o viu. Mais lindo do que nunca, com aquele ar de mistério de sempre, pele alva, cabelos de um tom indeterminado de castanho, completamente desalinhados em sua perfeita arrumação, e olhos penetrantes, provocativos, mais humanos do que nunca estiveram antes, caminhando... caminhando até ela. Por um momento ela deixou-se levar pela fantasia que aquele adorável ser a fazia ter todas as noites, por aquele sonho que a dominava a meses, desde o maldito acidente... as lembranças voltaram. Os dias no parque, os primeiros encontros às escondidas no lugar secreto que só pertencia a eles, os beijos roubados, as longas e ferventes noites de amor... tudo com uma ternura imensúravel e um carinho infinito...até que o maldito acidente fez romper-se todos os laços que existiam entre eles, fez com que eles passassem a viver distantes um do outro, em mundos diferentes. "N..não pode ser...você...mas..." ela não conseguia pensar direito "Eu disse que nunca te abandonaria", "Co...Como é... possível?" "Eu nunca sai do seu lado, nunca te deixei e nunca, NUNCA te deixarei" " Não... não... você esta morto, MORTO!" tudo estava girando, rápido demais, e foi nesse nesse instante que o mundo se apagou.


Só pra constar.


17h03

Mia: Droga, to sem ideias.

Srta L.P.D: Mente vazia hj?

Mia: todo dia
asho q to com problema.

Srta L.P.D: vc ta precisando se apaixonar denovo
por alguem q te tire os sentidos
ai vc vai escrever mt.

Mia: é, vai ver é isso mesmo.



...
...
... .

Influência de Brás Cubas.


Mas, ou muito me engano, ou acabo de escrever uma postagem inútil.

Vazio.


A muito não escrevia, e na verdade não sei bem o motivo.
Dizem-me que esse tipo de coisa as vezes acontece...
Ou talvez fosse culpa do vazio cheio até a boca de verdades... aquele vazio que não me permite fazer nada, e que de certa forma ainda me trava para a vida em dias difíceis.
Sinto a garganta apertada, como se algo invisível espreitasse-me a algum tempo e estivesse apenas esperando o momento certo para fazer faltar-me o ar. Droga.
Não tenho a menor ideia de como me livrar disso. E talvez eu nem queira me livrar disso. Algo que de alguma forma me faz sentir mal, porém ao mesmo tempo, liberta a alma, fazendo com que as secas lágrimas rolem por meu rosto, fazendo-me soluçar como uma criança por uns bons minutos, por uns longos minutos. E, sem nenhum motivo.
Talvez minha alma esteja incomodada com alguma coisa, e essa seja sua forma de tentar me dizer o que estou fazendo de errado, de como ela esta infeliz, e de como estou magoando-a. Choro por mais algum tempo, até arderem meus olhos.
Prometo-lhe, querida alma, tentar melhorar daqui pra frente, apenas não posso garantir-lhe o sucesso deste ato.

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