Algo que não fez sentido

O dia havia começado cedo e como em todos os outros dias, o vento la fora soprava irritantemente aos meus ouvidos... pelo menos não estava chovendo... já devo ter mencionado algo sobre meu ódio à dias molhados. Não seria uma semana fácil comparada as semanas solitárias das férias, onde eu podia ficar sozinha com meus pensamentos a qualquer momento... por mais confusos e melancólicos que eles fossem eu me sentia bem em poder tentar entendê-los, sem ninguem pra ficar me olhando e me perguntando de cinco em cinco minutos o que eu tinha, porque concerteza eu não saberia explicar, e a pessoa nunca conseguiria entender.
Quase não toco no café da manhã, já que meu estomago tem a adorável tendencia de ficar embrulhado em trajetos relativamente longos de carro, e a escola não é o que se pode chamar de próxima.
Ao chegar, encontro aquela deliciosa euforia de fim de férias, não porque estamos voltando para escola (óbvio!), mas sim porque agora podemos matar as saudades de um mês passado longe uns dos outros, o ânimo das pessoas, apesar do horário e do frio intenso, era algo palpável, que deixava o dia cinzendo mais colorido para todos. Tudo estava correndo bem, até que ao acaso, eu encontro aquele olhar, aquele olhar que depois de meses eu havia conseguido bloquear em minha memória para que ele fosse apenas mais um na multidão, sem qualquer diferencial...e do nada, sem nenhuma explicação, tudo começa a resurgir dentro de mim... as lembranças, os risos, os momentos... Porquê? Como? Eu tinha trabalhado tão bem pra reprimir tudo aquilo e tinha conseguido tornar tudo indiferente... Já fazia tanto tempo... Eu estava curada, não estava? Mas algo na sua expressão fez com que novamente eu conseguisse sentir algum calor vindo daqueles olhos claros... mas não podia ser verdade, é claro que eu estava inventando aquilo tudo... vai ver era o frio.
Passo o resto das aulas assustada tentando entender o que havia acontecido, fico pensando como tudo seria mais fácil se eu nunca o tivesse conhecido, muitas coisas seriam diferentes hoje, talvez de alguma forma eu conseguisse ser mais feliz, talvez eu conseguisse realmente apreciar a companhia de todos que tenho à minha volta, ou talvez tudo fosse da mesma forma que é hoje... com a única diferença de que eu teria prestado atenção nas aulas e concerteza não estaria pensando nisso.
Quando o sinal toca alguem pára ao meu lado e pergunta o que eu tinha.
É, concerteza não seria uma semana fácil.

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